domingo, 12 de março de 2017

Araruna, as origens: descobrindo o rio e o remo

No tempo do meu avô Nicolau (aquele, com o cigarro na boca), o Taquari na
altura de Lajeado era mais divertido, mas não navegável para barcos
de maior calado
Eu deveria narrar agora a realização, no último Carnaval, pelo Araruna, de um antigo sonho, compartilhado entre alguns velhos amigos: viajar de veleiro até Santa Catarina. Mas senti falta de, antes, tentar explicar de onde veio este sonho ou, nas palavras de um amigo, "como meia dúzia de alemão da colônia chegaram a gostar tanto de mar e veleiros".
Pois tudo começa (para mim) em 1978, quando nos primeiros dias do 1o. Ano do Auxiliar de Escritório (hoje Ensino Médio) eu vim a conhecer o Ingo, nosso novo colega. Ele havia ganho, no seu aniversário ou no Natal, uma "regata",  barco a remo de dois lugares, similar a um caiaque, mas de fundo chato, feito de compensado naval, tinindo de novo em sua pintura azul e branca. Perguntou se eu sabia nadar e, diante da resposta afirmativa, me convidou para uma remada no Rio Taquari.
O Taquari ficava a cerca de um quilômetro da minha casa, mas mesmo assim eu nunca tinha ido até sua margem, já que para nadar tinha a piscina do clube. Ademais, nesta altura o rio é fundo, desde que foi represado pela Barragem de Bom Retiro do Sul, e não tem praias a não ser bem mais acima, já fora de Lajeado. Mas claro, antes da barragem, esse trecho era cheio de corredeiras, impróprio para navegar.
E lá fomos nós, andando e carregando o tal barquinho até a rampa, no Bairro Carneiros. Na água, ele era instável, e só neste primeiro dia viramos quatro vezes. Não, não usávamos coletes salva-vidas. Mas com a prática, logo íamos adquirir um maior equilíbrio e inclusive aprender a reembarcar dentro dágua, mas neste dia tivemos de trazê-lo de volta à margem a cada "virada".
Desnecessário dizer que aquilo virou minha principal diversão, principalmente (mas não só) no verão. A piscina do clube foi quase esquecida)
Em breve, outro colega nosso, o Jorge - que tal como o Ingo tinha em casa uma oficina de marcenaria bem equipada - construiu ele mesmo outra regata semelhante. (Caiaques de fibra ainda eram raros - e caros - por ali). Não demorou muito, alguém teve a ideia de colocar um mastro de taquara e uma vela triangular de algodão, feita com algum lençol velho, em cima delas, mas não havia jeito de equilibrar aquilo em cima da água. O jeito então foi unir as duas, por meio de uma estrutura de madeira, altamente elaborada e fixada como extensores ("aranhas"), construindo assim... um catamarã, geringonça que não só chegou a funcionar mas superou nossas expectativas. Isso até um temporal terminar com a nossa alegria.

2 comentários:

  1. O pai diz que tu sonegaste informações. A razão de ter transformado dois barcos a remo em veleiro. Estamos os dois comendo peixe frito na Enseada do Brito e procurando abrigo pro Araruna.. Beijo

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    1. Ah, pois é... eu já sabia que a memória ia falhar em algum detalhe. O jeito é os amigos complementarem nos comentários : )

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