No tempo do meu avô Nicolau (aquele, com o cigarro na boca), o Taquari na altura de Lajeado era mais divertido, mas não navegável para barcos de maior calado |
Pois tudo começa (para mim) em 1978, quando nos primeiros dias do 1o. Ano do Auxiliar de Escritório (hoje Ensino Médio) eu vim a conhecer o Ingo, nosso novo colega. Ele havia ganho, no seu aniversário ou no Natal, uma "regata", barco a remo de dois lugares, similar a um caiaque, mas de fundo chato, feito de compensado naval, tinindo de novo em sua pintura azul e branca. Perguntou se eu sabia nadar e, diante da resposta afirmativa, me convidou para uma remada no Rio Taquari.
O Taquari ficava a cerca de um quilômetro da minha casa, mas mesmo assim eu nunca tinha ido até sua margem, já que para nadar tinha a piscina do clube. Ademais, nesta altura o rio é fundo, desde que foi represado pela Barragem de Bom Retiro do Sul, e não tem praias a não ser bem mais acima, já fora de Lajeado. Mas claro, antes da barragem, esse trecho era cheio de corredeiras, impróprio para navegar.
E lá fomos nós, andando e carregando o tal barquinho até a rampa, no Bairro Carneiros. Na água, ele era instável, e só neste primeiro dia viramos quatro vezes. Não, não usávamos coletes salva-vidas. Mas com a prática, logo íamos adquirir um maior equilíbrio e inclusive aprender a reembarcar dentro dágua, mas neste dia tivemos de trazê-lo de volta à margem a cada "virada".
Desnecessário dizer que aquilo virou minha principal diversão, principalmente (mas não só) no verão. A piscina do clube foi quase esquecida)
Em breve, outro colega nosso, o Jorge - que tal como o Ingo tinha em casa uma oficina de marcenaria bem equipada - construiu ele mesmo outra regata semelhante. (Caiaques de fibra ainda eram raros - e caros - por ali). Não demorou muito, alguém teve a ideia de colocar um mastro de taquara e uma vela triangular de algodão, feita com algum lençol velho, em cima delas, mas não havia jeito de equilibrar aquilo em cima da água. O jeito então foi unir as duas, por meio de uma estrutura de madeira, altamente elaborada e fixada como extensores ("aranhas"), construindo assim... um catamarã, geringonça que não só chegou a funcionar mas superou nossas expectativas. Isso até um temporal terminar com a nossa alegria.
O pai diz que tu sonegaste informações. A razão de ter transformado dois barcos a remo em veleiro. Estamos os dois comendo peixe frito na Enseada do Brito e procurando abrigo pro Araruna.. Beijo
ResponderExcluirAh, pois é... eu já sabia que a memória ia falhar em algum detalhe. O jeito é os amigos complementarem nos comentários : )
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