sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

A primeira expedição chega ao fim

Após o pouso à beira da estrada, vamos pra casa.

7° dia - primeira expedição

Antes de partir, ainda ouvimos uma segunda opinião, de um tal Baiano, sobre o motor. Era tarde. Ingo considerou a possibilidade de permanecer mais alguns dias, sozinho, mas acabou desistindo, pois teria de aguardar mais de uma semana pelo início dos trabalhos do mecânico. Pelas dez e meia da manhã, embarcamos – por terra – de volta ao Rio Grande do Sul.

Já era noite quando acabou a gasolina da van, que bebia um bocado, em plena Régis Bittencourt, entre São Paulo e Curitiba, ou mais precisamente, no meio do nada. O tíquete do pedágio que pagamos tinha um número de telefone para emergências, mas não tínhamos sinal de nenhuma operadora. O jeito foi o nosso motorista pegar uma carona até o próximo posto de pedágio, em busca do guincho para nos rebocar. Ao todo, perdemos quase duas horas nessa brincadeira, fora a multa e o medo de sermos assaltados.

Acho que foi durante essa viagem de volta, ou talvez ainda estivéssemos a bordo quando, para nos divertir e consolar ao mesmo tempo, alguém inventou que tudo aquilo havia sido um curso intensivo, misto de auto-ajuda com liderança para executivos, o Boat Management Program. Havíamos terminado o primeiro módulo com êxito, conseguindo lidar com nossas frustrações, com tranquilidade, sem maiores conflitos, sem faltar cerveja gelada, aguentando bem os peidos e roncos dos colegas, nota dez pra todo mundo. E evidentemente, todos já estávamos matriculados para o segundo módulo, ainda sem data marcada, em que supostamente o Araruna iria navegar. Superamos também a saudade das famílias, a quem agradecemos por nos dispensar de nossas obrigações de pais de família ao longo dessa semana inesquecível.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

É, parece que por ora não vai rolar a travessia

Paulo é o cozinheiro do dia.

6° dia - Primeira expedição

Hoje finalmente recebemos a visita do mecânico Uriel - aparentemente um mecânico de verdade, sem demérito dos meus amigos amadores, que jogaram a toalha neste quesito. Seu veredito identificou o problema no eixo do motor, o que jogava uma pá de cal nas nossas pretensões de navegar. Segundo ele, seria necessário retirar o barco da água, a fim de remover o eixo e sua bucha, que deviam estar encravados, cheios de cracas, provocando resistência ao giro e consequentemente forçando o motor em excesso, provocando o aquecimento etc. O serviço dele custaria R$ 1.200, não incluídas despesas com o içamento, na vizinha Marina Imperial, e as escoras, a cargo dum sujeito chamado Cocó, dono de um veleiro antigão de madeira, que viria nos visitar mais tarde para combinar os detalhes.

Jorge, que trouxe o mecânico a bordo, questionou-o bastante, enquanto eu tentava entender a conversa. Fiquei convencido da honestidade e da competência do sujeito. Acho que ter visto o carro dele, um BR 800 totalmente detonado, ajudou no quesito honestidade. Se o cara fosse um falcatrua, é certo que ia ter um carrinho novo. Já no quesito competência...

Para relaxar, enquanto tentávamos decidir, ouvimos o Luís contar como ele e o Amyr Klink, proprietário da Marina, trouxeram de São Paulo uma das canoas que o Amyr coleciona, atravessando o Mar Pequeno (entre o continente e a Ilha Comprida, em SP), em pleno Inverno.

Mas não tinha jeito, ou o jeito era fazer o que tinha que ser feito. Após quase uma semana fora de casa, tínhamos que decidir rápido. Mesmo assim, o Uriel só poderia mexer no barco após o Carnaval, pois estava com vários serviços a terminar. O tal Cocó,  responsável pela operação de retirada do barco da água, viria essa mesma noite ou no dia seguinte de manhã para conversar conosco. Seria uma operação cara, com certo risco para a integridade do barco, com o agravante que seria difícil estarmos presentes. Na melhor das hipóteses, porém, retornaríamos em breve, encontrando o barco pronto para zarpar, já que todo o resto estava em dia.

Jorge remendando o bote salva-vidas
Começamos a aprontar a bagagem para voltar, separando o que iríamos deixar a bordo. Uma última conversa com o Luís me deixou intranquilo com relação à competência do Uriel, mesmo considerando que ele é de confiança, trabalhando há mais de uma década na área. Ele sugeriu que levássemos o barco por terra, direto para casa. Muito sensato, mas perderíamos a oportunidade da aventura, que é afinal de contas o que realmente interessa. O mesmo conselho nos é dado por outro gaúcho, proprietário de um 40 pés de passagem por ali.

Conformados, aproveitamos a última noite para jantar e comprar lembrancinhas na cidade.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Desatracar!


Já ficou mais limpinho, né não?

5° dia - Primeira expedição

Dia de testes importantes para o Araruna. Cansados de lenga-lenga e loucos para dar uma velejada, logo cedo retiramos as lonas que protegem o convés do sol e chuva. Foi necessário comprar um rádio novo (por mais que o dobro do preço de mercado, mas isso eu só iria descobrir muito tempo depois), jaquetas impermeáveis, mais cabos. Limpamos cabine e convés de quase tudo o que não fosse necessário à navegação, e decidimos ir a Paraty de barco, só para variar.


Não deu muito certo. O motor apagou diversas vezes, até não ligar mais. Em seguida, encalhamos no lodo da baía, sem qualquer sinalização. Ao jogar a âncora, Jorge percebeu que ela levou corrente e cabo junto. Era minha culpa, de repente lembrei que eu estava amarrando o cabo no paiol quando alguém me pediu ajuda para sei lá o quê, deixei o nó pela metade e nunca mais voltei. Por sorte (?) o local era raso, e como o Jorge jogou-se na água de imediato conseguiu resgatá-la. Só a minha reputação de marinheiro ficou seriamente danificada. Um barco de passeio veio ao nosso encontro e, com pouco esforço, nos puxou para fora do atoleiro. Sem motor, mas com muita alegria, só nos restava desenrolar a genoa e voltar velejando. Passamos um rádio para a Marina avisando que estávamos sem motor, e um marinheiro safo nos ajudou a fazer nossa primeira atracação, perfeita. De volta à estaca zero, mas pelo menos sãos e salvos, com aquele gostinho de velejada.

Finalmente, velejando.
Descobrimos que o bote inflável, trazido pelo Jorge, estava furado. Paulo e eu o enchemos, colocamos na água. Foi preciso comprar um  kit para remendos a frio. Pesquisamos o preço de um bote novo, mas adiamos a despesa.

Foi difícil conciliar a expectativa dessa primeira velejada com a crescente evidência de que não seria possível, por ora, zarparmos rumo ao sul e as consequências fatais dessa evidência em nosso entusiasmo inicial. Era preciso tomar decisões sobre nossas agendas pessoais nos próximos dias. Consideramos a hipótese de comprar um motor de popa para a viagem, que não convenceu o comandante Jorge.

Lavamos a roupa suja na marina. A previsão do tempo diz que vai chover uma semana por aqui. Novidade nenhuma... A agenda começa a apertar. Paulo terá de retornar amanhã sem falta, ou no máximo sexta de manhã. Tudo leva à decisão de abortar a missão.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Segue o baile: roncos, aniversário, indisposição estomacal e lavagem.

Depois de muito descanso e vida boa, é hora de dar um tempo e relaxar na cabine.

4° dia - Primeira expedição

Foi uma noite dura, com dois potentes emissores de ondas sonoras na cabine – e não estou me referindo ao Volvo, que permaneceu desligado – e muitas idas ao convés para tirar a água do joelho. Além disso, o compadre Paulo, desde a partida, vinha tendo problemas digestivos, a ponto de abster-se da cerveja (daí se imagina a gravidade do caso). Problemas que já tentara curar tomando Yakult, Gatorade, refrigerante, até chegar ao Buscopan, tudo sem a necessidade de consultar um médico, coisa que só lhe pareceu inevitável já tarde da noite passada. No fim, deu tudo certo.

Hoje o compadre Ingo completa 51 anos e, em comemoração, tomou um tombo ao pular do trapiche a bordo, batendo a canela em cheio na plataforma de popa. Fato que me lembrou da necessidade de comprar logo um kit de primeiros socorros para a travessia.
Mais cedo, voltamos a almoçar no Tempero Paulista, aquele bufê simplão, mas boa comida, preço em conta, nada turístico. Na mesma ida à cidade para o almoço, vamos novamente às compras: além do remédio para o Paulo (agora com receita) e do kit de primeiros socorros, toalhas, produtos de limpeza, mais cerveja. No Ship Chandler, à beira da BR 101, compramos mais sinalizadores, para completar o kit legal; um par de luzes de proa que vamos instalar de forma meio precária; pilhas grandes para a lanterna do salva-vidas.

Não lembro por que motivo eu desmontei a garrafa térmica do Paulo, que se divertiu assistindo eu levar uns inacreditáveis quarenta e cinco minutos para remontá-la. Mais tarde ele descobriria que montei errado. Pior que cubo mágico.

A chuva persistente infiltrou pela gaiúta do convés de proa, mal vedada. Mas água mesmo entrou quando fui encher o tanque com a mangueira. Sem prestar atenção para o limite, o tanque transbordou... dentro da cabine, molhando umas quantas almofadas.
Aproveito a chuva para lavar o casco acima da linha dágua, começando ajoelhado no convés, esticando o braço pra baixo; e prosseguindo mais tarde com o auxílio de um caiaque, providencialmente deixado no trapiche para esta finalidade. Foi um trabalho cansativo, mas que rendeu um estimulante banho de chuva, tendo como resultado uma melhor na aparência do Araruna. Ao menos nisso, ele está pronto.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Metendo a mão na massa

Meio sujo, o bichinho, mas logo vamos dar jeito.

3° dia - Primeira expedição

Acordamos com a maior disposição, sob um leve sopro de Vento Sul. Dia de muito trabalho, para deixar o Araruna em condições de navegar. De manhã, fui à Capitania dos Portos, buscar o Título de Inscrição da Embarcação, ou TIE (o documento de propriedade do barco), momento solene devidamente registrado em foto.

No caminho de volta, recarregamos os extintores vencidos, equipamento obrigatório em barcos como nos carros. Mas a grande epopeia, que está apenas começando, é a luta para fazer o cinquentão motor Volvo funcionar a contento. Ele esquenta demais, fumaceia demais, faz um barulho do cão, fede... e tem potência de menos. Zero à esquerda no assunto, eu só assisto, sem palpitar.

Outros cuidam de reparos na rede elétrica, enquanto eu volto à cidade, em busca dos sinalizadores que faltam para completar o conjunto. Em navegação costeira, são necessários nove no total, sendo três foguetes manuais de estrela vermelha com pára-quedas, três facho manuais de luz vermelha e três sinais fumígenos flutuante laranja. A relação de itens obrigatórios de segurança é considerável, e queremos deixar o Araruna 100%. (Mais adiante no relato se verá que além de tê-los a bordo, é também essencial saber usar os ditos cujos) 

Ingo instala o piloto automático, indispensável para longas navegadas, pois evita que um pobre marujo seja obrigado a ficar horas a fio segurando a cana do leme, debaixo de sol e chuva, dia e noite. É um mecanismo simples, que se mostraria extremamente útil, facílimo de usar e muito confiável.
TIE na mão: em dia com a Marinha... ou quase.

Conhecemos o Luiz, gerente da Marina, que nos indicou um mergulhador para raspar as cracas aderidas ao casco, além de nos dar outras informações úteis. A escada de popa, de inox, que estava submersa, eu mesmo limpei, no trapiche, com uma espátula. Tem uma operadora de turismo que leva turistas para mergulhar, partindo daqui, por isso a facilidade de encontrar mergulhadores à mão para essa tarefa, sempre necessária numa marina. Para quem não sabe, a parte do barco submersa em água salgada recebe a adesão dessa bicharada, que precisa ser removida não apenas porque prejudica o desempenho do barco em movimento, mas também a longo prazo danifica a pintura e consequentemente a impermeabilização do casco. Bom também para eles, pois segundo conta o nosso amigo, o movimento de turistas não anda lá essas coisas, parece que aqui os dias ensolarados são mesmo raros.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Chegando ao paraíso, conhecendo o barco

2° dia - Primeira expedição

Voltando à Via Dutra, passamos ao largo de Aparecida, espiando de longe o famoso santuário, sem muita curiosidade. Nossa atenção está mais à frente, no também famoso Caminho Real, a estrada do tempo do Império por onde se drenava a riqueza das Minas Gerais, rumo a... Paraty. Nós, ao contrário, chegávamos em busca de riqueza. De um outro tipo de riqueza, se é que me entendem
Fim do asfalto: daqui pra frente é para os fortes...
Dá pra imaginar o que nos espera: descer 1500m em 24km!

O asfalto acaba exatamente na divisa entre os estados de São Paulo e Rio. À frente, aguarda-nos uma estrada íngreme, com escassa manutenção, onde aliás chove muito e não há manutenção que resolva. Em vários trechos, somos obrigados a descer do carro e seguir a pé (menos o motorista, naturalmente). Uma caminhada benéfica, aliás, para quem estava há tanto tempo dentro de um carro, ainda mais respirando aquele ar fresco e enchendo os olhos com aquele mata. O que me faz perceber que faltou ao menos um detalhe técnico importante no início da narrativa.
A famosa Estrada Real

O carro com que pretendíamos fazer a viagem era aquele, com que o Ingo atropelou um pacato Fusca, que se atravessou inadvertidamente na BR 116, no lusco-fusco da sexta-feira, era uma picape Nissan cabine dupla, com tração nas quatro rodas. Já este que nos trouxe até aqui (e nos levaria de volta sem... bem, quase sem incidentes) é uma van Chrysler Caravan de sete lugares, uma espécie de limusine, muito confortável para levar uma banda de rock em turnê, mas pouco adequada a este trecho, por sorte não muito longo, e que nem sabíamos que era tão ruim (ou teríamos escolhido outro trajeto).










Eram duas e meia da tarde quando chegamos à Marina do Engenho, como quem ingressa num lindo cartão postal. E nela, ainda em repouso (mas por pouco tempo!) o Araruna, cujo estado nos causou uma boa impressão. Como era tarde, deixamos a bagagem a bordo e fomos almoçar na cidade, fazer as primeiras compras de mantimentos, já pensando na viagem de volta.

Começou uma chuva mansa, que seria nossa companhia intermitente nos próximos dias. Gastamos o resto do dia e da noite explorando o barco, conhecendo seus detalhes, tentando fazer as coisas funcionarem (com resultados variáveis), falando bobagem e tomando cerveja, além de despejar libros de baba da mais pura inveja diante dos lindos, enormes e caros barcos que constituíam a maior parte da vizinhança, e admirar sem trégua a paisagem da baía. Além da localização privilegiada, a marina tem uma infra-estrutura excelente, com banheiros impecáveis, lavanderia e outras mordomias, e uma prestativa equipe, sob o comando do Luiz.
... e lá estava ele, à nossa espera.


sábado, 2 de fevereiro de 2013

Rumo a Paraty

Partimos na manhã nublada

1° dia - Primeira expedição

Às sete alguém tenta me acordar com muito esforço, às oito já estamos todos tomando café, nove e meia a van está carregada e partimos.

Para passar o tempo, vamos contando e relembrando histórias, trocando impressões sobre a vida, família e etc, coisas que na correria do dia-a-dia não temos tempo. Eu sobretudo, que vivo na Capital e fico às vezes largos períodos sem avistar esses camaradas ao vivo. Demos boas risadas, por exemplo, lembrando de quando aquele nosso amigo pediu de aniversário à mulher e aos três filhos um dia sozinho em casa. Ou ouvindo o relato do Ingo sobre quando ele e o Fernando foram presos por roubar seu próprio equipamento de topografia... Mas nem todas são cômicas: há também os dramas, o passar do tempo, as doenças, mortes...

Após um longo engarrafamento antes da ponte de Laguna, em obras, paramos em Penha para almoçar e seguimos subindo a serra, rumo a Curitiba. A conversa vai dando voltas, não vai faltar assunto para os 800 quilômetros que ainda restam. As estradas com pedágios a R$ 1,50, que encontramos no caminho são comparadas às do nosso Estado, onde pagamos quatro ou cinco vezes mais caro; os governos Tarso e Britto, por extensão; os modais de transporte, principalmente o hidroviário, sempre presente na conversa de quem tem intimidade com a água, que é quem percebe com espantosa clareza o atraso em que ele se encontra num país que tem um imenso litoral como o nosso, sem contar as águas interiores. Surge uma controvérsia sobre as flores roxas onipresentes nas encostas da Mata Atlântica: seriam ou não seriam quaresmeiras? O calor sufocante vai amenizando à medida que subimos a serra.
O chimarrão a bordo não pode faltar

É quase uma da manhã quando entramos em Jacareí para dormir num hotel, que pagamos adiantado. Antes da cama, fomos fazer um lanche e tomar umas no bar da esquina. O xis era bom, embora o tamanho como de costume uma decepção para gaúchos. Mas o local era animado, com música ao vivo, e a banda nos surpreendeu com “Toda a forma de poder”, do Nei Lisboa. Afinal, era sábado.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Véspera da partida

Numa das poucas fotos que vimos, o barco nem mastro tinha
No dia 1° de fevereiro de 2013, mais de dez meses após termos comprado, do Seu Arno e da sua esposa Sílvia, o veleiro Araruna, um Multichine 28 pés projetado pelo Roberto Barros, vulgo Cabinho, e que até então eu não vira senão por fotos já antigas, estávamos prontos para partir rumo à Marina do Engenho, em Paraty, onde o barco se encontrava atracado, a um custo mensal um pouco salgado para nossos bolsos. De Lajeado, vinham os velhos parceiros de aventuras e indiadas em geral, Paulo, presidente vitalício do Clube do Macho e Velho Lobo do Mar honorário; e Jorge, meu compadre e padrinho de casamento e o único da turma possuidor de uma habilitação de Mestre Amador – que permite pilotar uma embarcação em navegação costeira, fora de águas abrigadas, essencial portanto para o empreendimento que tínhamos em mente. Saindo de Picada Café, meu outro compadre Ingo, sócio na aquisição e único que conhecera pessoalmente o barco, passaria em Porto Alegre para me pegar. O plano era nos reunirmos na casa do Jorge, no litoral, e partir dali no dia seguinte, um sábado, tão cedo quanto possível.

Já eram dez da noite, quando Jorge me liga para avisar que Ingo tinha batido o carro – o que, se não era fato corriqueiro, também não era uma grande surpresa. Só prejuízo material, felizmente, mas com certeza algum atraso em nossos planos. Jorge e Paulo fizeram um desvio para me apanhar, e fomos esperar a chegada do Ingo em Xangri-Lá, por algum meio de transporte alternativo, quando se desembaraçasse do acidente. Pela meia-noite, Ingo me liga para saber o endereço. Paulo vai dormir, enquanto Jorge e eu bebemos cerveja na tranquilidade da madrugada praiana, até o retardatário acidentado chegar, de carona com o seu fiel escudeiro Fernando. Até ele terminar de nos contar as peripécias, já eram 4 da manhã.