domingo, 28 de abril de 2013

Fim da linha em Santos: agora é com o caminhão

Na marina, encardido e sem mastro: melancólico fim da linha
para o Araruna
Fizemos contato por rádio com a Marina Pier 26, avisando que iríamos antecipar nossa chegada. Já era noite fechada. A entrada na baía de Santos tinha dezenas de navios ancorados à espera da atracação, oferecendo ao longe um discreto espetáculo de luzes.
O lendário Paratii, de Amyr Klink, em reparos na mesma
marina: um bom presságio.
Conscientes da nossa insignificância, fomos humildemente nos esgueirando, por dentro do canal, mas bem à margem. Ao nos aproximarmos da cidade, a intensa iluminação dificultava o reconhecimento da sinalização e até de eventuais embarcações pelo caminho. O auge da emoção foi quando um imenso cargueiro de containers vinha saindo do porto. Pareceu por alguns intermináveis instantes que ele passaria por cima de nós. Porém graças à carta náutica ("mapa", para os leigos) nós sabíamos com absoluta (?) certeza que ele tinha que fazer a curva para estibordo, pois afinal era por ali que o canal seguia. Bom, ele fez a curva e nós estamos aqui sãos e salvos contando essa história.
Do canal principal fomos derivando para uma rede de canais que abastece diversas marinas, seguindo as orientações passadas por rádio e a carta do GPS. Na chegada, tomamos aquele necessário e demorado banho (o último havia sido em Paraty!) e preparamos o último jantar a bordo. Parafraseando aquele ditado: "Dia de tainha assada pelo Bruno, véspera de miojo".

De volta a Porto Alegre, via aérea.
Na manhã de domingo, Ingo e Fernando foram de ônibus até Bertioga, buscar a camionete, enquanto eu me encarregava das tratativas na administração da Pier 26, onde fui muito bem recebido. Ficou acertado que iríamos enviar um caminhão para carregar o barco na próxima quarta-feira, feriado do primeiro de maio. Teríamos de confiar no pessoal da marina e no motorista do caminhão, já que nenhum de nós poderia ficar aqui para supervisionar a delicada operação (o que teria sido ideal).
Voltando de Bertioga, os parceiros me apanharam na marina e deixaram na Rodoviária, seguindo viagem para o sul. Tomei um ônibus para São Paulo, depois metrô, outro ônibus e finalmente o avião para Porto Alegre, onde ao fim da tarde eu já estava no aniversário da pequena Sofia, com bastante histórias pra contar.

sábado, 27 de abril de 2013

Pescando mastro e outras indiadas

Foi bem ali, perto daquela ilha. Acho que dá para encontrar.
Como a travessia estava lascada mesmo, o jeito era relaxar e, como tinha peixe fresco à mão, Bruno se encarregou de assar umas tainhas no capricho para o jantar.

Não demorou muito para nos darmos conta de que mais estúpido do que ter deixado o mastro afundar sem nenhuma boia marcando sua localização seria ir embora sem ao menos tentar resgatá-lo. A profundidade não era tão grande, uns 15 m, o local estava marcado no GPS, o tempo estava bom. Não era impossível, portanto.

Enquanto Ingo ia atrás de um mergulhador disposto a encarar a missão, Bruno e eu fomos procurar uma marina onde fosse possível retirar o Araruna da água, para transportá-lo de caminhão até o Sul. A única que tinha equipamento para fazer o serviço com segurança cobrava muito caro. Pegamos o bote inflável, instalamos o motor pequeno e nos tocamos canal acima, para ver as outras.
Depois de um belo almoço regado a cerveja por ali, que quase nos fez esquecer a tragédia do dia anterior, ficamos sem gasolina. Para completar, um sujeito nos conseguiu um litro de gasolina... velha. A volta foi um parto, um ia remando enquanto o outro puxava até cansar a correia para fazer pegar o motor, que quando ligava funcionava na lenta por uns 30 segundos e depois morria de novo. Para fechar com chave de ouro o dia, ao fim desse lindo passeio eu ergui o motor de popa do inflável sem antes fechar o raio da válvula, inundando o bote com gasolina. Foi esse o fim da viagem para o Bruno, que retornou a São Paulo para pegar o vôo de volta a Porto Alegre, um bocado frustrado, mas com a Carteira da FUNAI renovada por mais um bom período.

Por telefone, acabei fechando negócio para a retirada do Araruna d'água com a marina Pier 51, em Santos. Pensamos em levar o barco até lá, no dia seguinte, em princípio por dentro do canal, mas não observamos um tráfego constante de embarcações maiores por ali. Tentamos nos informar sobre o calado (profundidade), que no Araruna é de 1,5 m, mas recebemos respostas contraditórias.

Pescaria de mastro, nunca ouviu falar?
O mergulhador fez o seu trabalho, mas não achou sinal do mastrto. A água estava turva. O plano B dependia da habilidade de pescador do Fernando. Consistia em preparar um espinhel com uns anzóis reforçados e fazer uma varredura em torno do ponto exato do incidente, tentando enganchar o nosso tesouro submerso. Fizemos isso ao fim da tarde, novamente sem sucesso. Em vez de voltarmos a Bertioga, para tentar a passagem pelo canal, tivemos a sábia ideia de levar o barco pelo mar mesmo até a Pier 51, pois já estávamos quase na metade do caminho. Uma vez lá, alguém voltaria de ônibus a Bertioga para buscar a camionete.


quinta-feira, 25 de abril de 2013

De Bertioga até perder o mastro

Lua cheia sobre Bertioga, ao fim da tarde
Chegando em Bertioga, era preciso reabastecer, para o que foi necessário encher o inflável, fixar nele o outro motor de popa, menor, subir motorando canal acima, até um posto, dentro de uma marina, na margem direita do canal, ou seja, na Ilha de Santo Amaro. Depois de embarcado Bruno, novo tripulante, e sua bagagem, mais alguns mantimentos; e desembarcado o Fernando, que voltaria a Paraty de ônibus para buscar a camionete, partimos no final da tarde da quinta-feira, 25 de abril, data que nunca mais esqueceremos.

O vento, pela primeira vez, começava a refrescar, prometendo uma velejada de verdade. Já estávamos cogitando desligar o motor quando, na metade do caminho até Santos, o mastro tombou para boreste, fazendo um barulhão que nos deixou apavorados. Um ou dois estais tinham se rompido, ao que parecia; ou não estavam bem fixados. Princípios de pânico a bordo.

O barco balançava um pouco, devido ao peso do mastro, e nosso maior medo não era de todo sem fundamento, o de que a cruzeta furasse o casco, batendo nele com o balanço do mar. Mas pouco provável, analisando friamente agora, aqui no meu apartamento sequinho e que não balança. De qualquer forma, era impossível prosseguir daquele jeito. Estávamos a uma distância segura da costa, mas se derivássemos na sua direção, empurrados pelo vento, podíamos bater na Ilha do Arvoredo, uma ilhota a pouco mais de um quilômetro de onde estávamos, defronte à Praia de Perequê.

Entrei na cabine, coloquei o colete salva-vidas e alcancei outros para os colegas. O rádio, sem o mastro, no alto do qual estava sua antena, não funcionava. Fizemos contato por celular com a marinha, não sei quem tinha ou como descobrimos rapidamente o número. Bruno e eu chegamos a ligar os dois ao mesmo tempo, tão atarantados estávamos. Soubemos pela Marinha que havia um naufrágio de verdade acontecendo ali perto, e só poderiam nos ajudar depois de socorrer as seis pessoas a bordo da embarcação que afundava.
É óbvio que na hora que o mastro caiu ninguém se lembrou de tirar fotos.
Desembestei a soltar sinalizadores. Dois, daqueles de para-quedas, falharam. No escuro, eu não conseguia ler as instruções, mesmo de óculos. Um facho funcionou. Por ignorância, soltei um fumígeno, que só se usa à luz do dia, quase não se vê à noite. A situação não era, em resumo, tão apavorante; os marujos é que eram novatos. O motor funcionava, o barco não fazia água (depois que Ingo reforçara aquele remendo no espelho de popa). Mesmo assim, sem pensar muito, optamos por soltar do convés os estais que restavam, desprendendo o mastro totalmente, com retranca, velas, adriças e tudo o mais. Livres daquele incômodo, fizemos meia volta e fomos motorando de volta, dormir em Bertioga, para pensar no que fazer no dia seguinte. Ainda choque, mas abobadamente felizes por estarmos vivos. Embora houvéssemos marcado com o GPS o local exato do sinistro, por incrível que pareça ninguém teve a ideia de amarrar no mastro qualquer coisa que flutuasse, permitindo assim que pudéssemos resgatá-lo facilmente no futuro.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

De Paraty a Bertioga: finalmente navegando

Prontos para a partida
Acordamos pela primeira vez com a maior auto-confiança, de quem comprou um motor novinho em folha. Ingo improvisou um suporte na popa para ele, com parafusos auto-atarraxantes, que no primeiro teste quase foi para o fundo do mar com motor e tudo. Já tínhamos até nos despedido do Luiz e companhia, com direito a foto. Aliás, o Luiz tinha visto aquela gambiarra e alertou que não ia funcionar. Dito e feito. Pagamos o mico de voltar ao trapiche, trocamos os parafusos por outros, com porca, agora sim. Esse motor só ia ser desligado quase vinte e quatro horas mais tarde. Na hora de embarcar, foi a minha vez de escorregar com o chinelo de dedo (evite usar isso a bordo de qualquer embarcação) e bater a canela na plataforma de popa. Mergulhei na água, não sei bem como, inutilizando o celular, na pior hora possível.

Adeus, Paraty
O vento variava de fraco a inexistente, mar tranquilo. Curtimos um belo por de sol, seguido de uma belíssima lua cheia. A parte inesquecivelmente ruim era um fio de água que entrava por um buraco no espelho de popa, causado pela infiltração ao redor de uma vigia mal instalada pelo antigo dono, e remendado provisoriamente pelo Ingo.

Chegando à Ponta da Joatinga
Se fosse só água, até que eu não me importava, o pior é que ela passava pelo compartimento do motor, “lavando” os restos de óleo, que carregava para baixo do assoalho da cabine. Passamos a viagem nos revezando na remoção dessa água, procurando evitar que ultrapassasse o nível do assoalho (que ficaria emporcalhado e escorregadio como o diabo), com pano e um balde que ia e vinha do convés para a cabine e vice-versa.

Respirar o cheiro de diesel agravava o enjôo, então a cada tanto era necessário sair correndo e ficar uns dez minutos no convés, respirando ar fresco, para se restabelecer. Como o vazamento era acima da linha dágua, variava conforme a direção das ondas e a velocidade do barco, chegando a parar por vezes, dando uma trégua.

Já era noite quando passamos a Ponta da Joatinga. Depois de ajustar o rumo no piloto automático, Ingo desmaiou lá na cabine de proa, e fiquei no comando. Ele tinha traçado um trajeto por fora da Ilha de São Sebastião, ainda longe, mas como agora aproveitávamos um pouco de vento pela popa, foi ficando meio desconfortável, aquela coisa da retranca trocando de lado volta e meia, com um soco. Desviar uns graus a bombordo resolveria, mas nos afastaria mais ainda de terra. Além disso, o lado de fora da ilha era bem deserto e, quando a deixássemos pela manhã, ficaríamos muito distantes da costa no trecho até Bertioga, embora a distância total fosse menor, razão pela qual Ingo havia escolhido esse trajeto.
Amanhecer no canal de Ilhabela
Atraído pelas luzes da civilização, que me transmitiam alguma segurança, como marinheiro novato, decidi mudar de bordo e de rumo, rumando canal adentro, isto é, passando entre ilha e continente. Logo, antes de clarear o dia, fui recompensado com um terral, que me fez obrigou a desligar o piloto automático e pegar o leme na mão. Era o melhor vento até então, mesmo tendo durado pouco. O receio do Ingo em passar por ali era o tráfego de navios, mas estava bem tranquilo àquela hora.

Almoço a bordo
Acabou sendo uma boa escolha, mesmo que tenha aumentado um pouco a distância. Linda paisagem, ainda mais com o dia nascendo, animando a tripulação. Para completar nossa alegria, depois do café Fernando pescou nosso almoço.

Após deixar a ilha para trás, atravessamos a longa baía numa bela manhã de sol, praticamente só no motor, e ao chegarmos em Bertioga o Bruno já nos aguardava por lá. A barra do canal não tinha sinalização, mas a profundidade era boa, fomos avançando devagarinho sem sustos até ancorar, pertinho da margem esquerda, um pouco à montante do cais da barca que faz a travessia rodoviária. A alegria de termos conseguido chegar com segurança era ainda maior do que a de zarpar, mal cabia em nós. Para o Fernando, era um batismo de mar.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Terceira tentativa: ou vai ou racha

TERCEIRA EXPEDIÇÃO – Abril 2013

Não chega a ser de todo ruim... 
Ou o terceiro módulo do International Boat Management Program Certificate (IBMPC). A terceira etapa foi marcada para 19 de abril, apropriadamente o Dia do Índio no Brasil. Na última hora, Irno desistiu da viagem. Partimos – agora sim - na camionete Nissan do Ingo, com Fernando e eu, na sexta à noite. Paramos para dormir em Palhoça, casualmente a cidade onde moram Helena e Rogério, nossos amigos donos do 33 pés Santa Preguiça, que já tiveram o Ingo como tripulante numa travessia.



...ter de voltar a esse lugar

Eu havia lhes enviado, já em cima da hora, um convite, por correio eletrônico, para se integrarem à tripulação, mas não havia recebido resposta antes de sair, nem tinha acesso à Internet na estrada. Era um pouco tarde para ligar pra eles, agora. Depois, já em Parati, eu ficaria sabendo que eles estavam ocupados na mudança de casa. Acabei convidando o Bruno (Cascata), meu mais frequente proeiro de 470 no Guaíba, também habitual praticante de windsurf. Ele topou, mas só poderia viajar na quarta 24. Combinamos que, se tudo corresse conforme esperávamos, ele poderia embarcar no caminho, no litoral paulista provavelmente.
Fernando tentando apanhar uma refeição pra viagem

Num dos primeiros pedágios, Ingo resolveu instalar um daqueles aparelhinhos que permitem passar sem parar pelas cancelas. Nos próximos, descobrimos que ele não funcionava. Sempre tinha que vir alguém, contávamos a história, mostrávamos o aparelho, abriam a cancela manualmente, em suma, demorava o dobro. Até que descobriram que a placa tinha sido registrada com erro. Até ai, tudo bem, mas agora começa a burrocracia (com dois "r"): o cadastro foi feito num posto de pedágio, mas a correção do cadastro, só por telefone. Liguei para o número que me deram e me pediram para enviar o certificado de propriedade do carro por fax. Bom, o fato é que não tínhamos fax no carro. Nem no barco.

Eram nove da noite do sábado dia 20, quando chegamos na Marina do Engenho, nessa que seria a última visita. Levou uma interminável meia hora até encontrarem a chave da cabine do barco, no painel onde ficavam centenas de chaves, aparentemente organizadas. No dia seguinte, pagamos para outro mergulhador trocar o hélice, que deu um trabalho. Confirmado o diagnóstico da inversão do hélice, mesmo assim o motor continuava negando fogo. O jeito foi desistir daquela sucata (ao menos por enquanto) e comprar um motor de popa para quebrar o galho. 
Será que esses urubus tão agourando?

O problema é que quando finalmente decidimos fazê-lo, já era terça-feira, justo o dia de São Jorge, feriado no Estado do Rio. Fomos de camionete até Ubatuba, em São Paulo, onde, depois de uma rápida pesquisa – já era final da tarde – adquirimos um possante Mercury de 15 HP.




sábado, 23 de março de 2013

Segunda expedição

SEGUNDA EXPEDIÇÃO – Março 2013

Com o fracasso da segunda missão, enviada a Paraty no final de março, da qual não participaram os donos do barco – Ingo por estar em viagem com a esposa e eu por compromisso de trabalho – ficamos ainda mais descorçoados. Para o leitor não perder o fio da meada, vai aqui um resumo dessa segunda missão, da qual participaram,além de Jorge e Paulo, veteranos da primeira missão, os novatos Irno e Wilson, este último na condição de motorista encarregado de trazer o carro de volta, caso a missão tivesse êxito e o barco afinal navegasse.

Partiram dia 23 de março, um sábado, com plano de zarpar em algum momento após Ingo e eu, ou ao menos um de nós, chegarmos a Paraty, via aeroporto de Guarulhos. Chegamos a combinar os vôos, para nos encontrarmos no aeroporto, ele voltando do Nordeste, eu partindo de Porto Alegre, para dali tomarmos dois ônibus até chegar a Paraty. Cheguei a adquirir a passagem aérea, usando milhas. Na véspera de embarcar, fui aconselhado pelo comandante, num longo e triste telefonema, a não fazê-lo.

Embora o mecânico houvesse nos informado, por telefone, que o serviço dele estava cem por cento, após a operação que executou, conforme planejado, a um custo total de mais de R$ 5 mil, incluindo dois içamentos e escoramentos do barco, logo após a chegada de nossos amigos, confessou-lhes que sequer havia ligado o motor. Chamado a bordo, ficou um par de horas fuçando nele, sem sucesso. Ainda teve a ousadia de se oferecer para “consertar” o motor por mais R$ 5 mil, o que é claro não aceitamos. Sem dúvida, o translado por terra teria sido sensato. Na volta, o pessoal decidiu transportar a caixa de reversão na camionete, para tentar decifrar o enigma.

Além da frustração, metade da tripulação no retorno teve que lidar com uma grave intoxicação alimentar de beira de estrada, que chegou a dar trabalho ao SAMU de São José dos Campos. Felizmente, sem sequelas.

Só em Lajeado iria cair a ficha – bota ficha nisso. Ingo e Jorge chegaram à hipótese de a hélice ser invertida, isto é, desenhada para girar no sentido oposto ao da rotação do eixo desse motor. Isso explicaria a pouca potência e as constantes “desengatadas” de marcha, durante a navegação.
Essa descoberta – sujeita ainda a confirmação in loco – nos dava um novo alento, pois era de solução relativamente simples. Desde que não lembrássemos do dinheiro jogado fora com o Uriel, claro. Era só fazer um teste, substituindo a hélice. Caso não funcionasse, teríamos um motorista de sobreaviso para trazer o barco de caminhão. Se desse certo, era nóis na água!

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

A primeira expedição chega ao fim

Após o pouso à beira da estrada, vamos pra casa.

7° dia - primeira expedição

Antes de partir, ainda ouvimos uma segunda opinião, de um tal Baiano, sobre o motor. Era tarde. Ingo considerou a possibilidade de permanecer mais alguns dias, sozinho, mas acabou desistindo, pois teria de aguardar mais de uma semana pelo início dos trabalhos do mecânico. Pelas dez e meia da manhã, embarcamos – por terra – de volta ao Rio Grande do Sul.

Já era noite quando acabou a gasolina da van, que bebia um bocado, em plena Régis Bittencourt, entre São Paulo e Curitiba, ou mais precisamente, no meio do nada. O tíquete do pedágio que pagamos tinha um número de telefone para emergências, mas não tínhamos sinal de nenhuma operadora. O jeito foi o nosso motorista pegar uma carona até o próximo posto de pedágio, em busca do guincho para nos rebocar. Ao todo, perdemos quase duas horas nessa brincadeira, fora a multa e o medo de sermos assaltados.

Acho que foi durante essa viagem de volta, ou talvez ainda estivéssemos a bordo quando, para nos divertir e consolar ao mesmo tempo, alguém inventou que tudo aquilo havia sido um curso intensivo, misto de auto-ajuda com liderança para executivos, o Boat Management Program. Havíamos terminado o primeiro módulo com êxito, conseguindo lidar com nossas frustrações, com tranquilidade, sem maiores conflitos, sem faltar cerveja gelada, aguentando bem os peidos e roncos dos colegas, nota dez pra todo mundo. E evidentemente, todos já estávamos matriculados para o segundo módulo, ainda sem data marcada, em que supostamente o Araruna iria navegar. Superamos também a saudade das famílias, a quem agradecemos por nos dispensar de nossas obrigações de pais de família ao longo dessa semana inesquecível.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

É, parece que por ora não vai rolar a travessia

Paulo é o cozinheiro do dia.

6° dia - Primeira expedição

Hoje finalmente recebemos a visita do mecânico Uriel - aparentemente um mecânico de verdade, sem demérito dos meus amigos amadores, que jogaram a toalha neste quesito. Seu veredito identificou o problema no eixo do motor, o que jogava uma pá de cal nas nossas pretensões de navegar. Segundo ele, seria necessário retirar o barco da água, a fim de remover o eixo e sua bucha, que deviam estar encravados, cheios de cracas, provocando resistência ao giro e consequentemente forçando o motor em excesso, provocando o aquecimento etc. O serviço dele custaria R$ 1.200, não incluídas despesas com o içamento, na vizinha Marina Imperial, e as escoras, a cargo dum sujeito chamado Cocó, dono de um veleiro antigão de madeira, que viria nos visitar mais tarde para combinar os detalhes.

Jorge, que trouxe o mecânico a bordo, questionou-o bastante, enquanto eu tentava entender a conversa. Fiquei convencido da honestidade e da competência do sujeito. Acho que ter visto o carro dele, um BR 800 totalmente detonado, ajudou no quesito honestidade. Se o cara fosse um falcatrua, é certo que ia ter um carrinho novo. Já no quesito competência...

Para relaxar, enquanto tentávamos decidir, ouvimos o Luís contar como ele e o Amyr Klink, proprietário da Marina, trouxeram de São Paulo uma das canoas que o Amyr coleciona, atravessando o Mar Pequeno (entre o continente e a Ilha Comprida, em SP), em pleno Inverno.

Mas não tinha jeito, ou o jeito era fazer o que tinha que ser feito. Após quase uma semana fora de casa, tínhamos que decidir rápido. Mesmo assim, o Uriel só poderia mexer no barco após o Carnaval, pois estava com vários serviços a terminar. O tal Cocó,  responsável pela operação de retirada do barco da água, viria essa mesma noite ou no dia seguinte de manhã para conversar conosco. Seria uma operação cara, com certo risco para a integridade do barco, com o agravante que seria difícil estarmos presentes. Na melhor das hipóteses, porém, retornaríamos em breve, encontrando o barco pronto para zarpar, já que todo o resto estava em dia.

Jorge remendando o bote salva-vidas
Começamos a aprontar a bagagem para voltar, separando o que iríamos deixar a bordo. Uma última conversa com o Luís me deixou intranquilo com relação à competência do Uriel, mesmo considerando que ele é de confiança, trabalhando há mais de uma década na área. Ele sugeriu que levássemos o barco por terra, direto para casa. Muito sensato, mas perderíamos a oportunidade da aventura, que é afinal de contas o que realmente interessa. O mesmo conselho nos é dado por outro gaúcho, proprietário de um 40 pés de passagem por ali.

Conformados, aproveitamos a última noite para jantar e comprar lembrancinhas na cidade.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Desatracar!


Já ficou mais limpinho, né não?

5° dia - Primeira expedição

Dia de testes importantes para o Araruna. Cansados de lenga-lenga e loucos para dar uma velejada, logo cedo retiramos as lonas que protegem o convés do sol e chuva. Foi necessário comprar um rádio novo (por mais que o dobro do preço de mercado, mas isso eu só iria descobrir muito tempo depois), jaquetas impermeáveis, mais cabos. Limpamos cabine e convés de quase tudo o que não fosse necessário à navegação, e decidimos ir a Paraty de barco, só para variar.


Não deu muito certo. O motor apagou diversas vezes, até não ligar mais. Em seguida, encalhamos no lodo da baía, sem qualquer sinalização. Ao jogar a âncora, Jorge percebeu que ela levou corrente e cabo junto. Era minha culpa, de repente lembrei que eu estava amarrando o cabo no paiol quando alguém me pediu ajuda para sei lá o quê, deixei o nó pela metade e nunca mais voltei. Por sorte (?) o local era raso, e como o Jorge jogou-se na água de imediato conseguiu resgatá-la. Só a minha reputação de marinheiro ficou seriamente danificada. Um barco de passeio veio ao nosso encontro e, com pouco esforço, nos puxou para fora do atoleiro. Sem motor, mas com muita alegria, só nos restava desenrolar a genoa e voltar velejando. Passamos um rádio para a Marina avisando que estávamos sem motor, e um marinheiro safo nos ajudou a fazer nossa primeira atracação, perfeita. De volta à estaca zero, mas pelo menos sãos e salvos, com aquele gostinho de velejada.

Finalmente, velejando.
Descobrimos que o bote inflável, trazido pelo Jorge, estava furado. Paulo e eu o enchemos, colocamos na água. Foi preciso comprar um  kit para remendos a frio. Pesquisamos o preço de um bote novo, mas adiamos a despesa.

Foi difícil conciliar a expectativa dessa primeira velejada com a crescente evidência de que não seria possível, por ora, zarparmos rumo ao sul e as consequências fatais dessa evidência em nosso entusiasmo inicial. Era preciso tomar decisões sobre nossas agendas pessoais nos próximos dias. Consideramos a hipótese de comprar um motor de popa para a viagem, que não convenceu o comandante Jorge.

Lavamos a roupa suja na marina. A previsão do tempo diz que vai chover uma semana por aqui. Novidade nenhuma... A agenda começa a apertar. Paulo terá de retornar amanhã sem falta, ou no máximo sexta de manhã. Tudo leva à decisão de abortar a missão.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Segue o baile: roncos, aniversário, indisposição estomacal e lavagem.

Depois de muito descanso e vida boa, é hora de dar um tempo e relaxar na cabine.

4° dia - Primeira expedição

Foi uma noite dura, com dois potentes emissores de ondas sonoras na cabine – e não estou me referindo ao Volvo, que permaneceu desligado – e muitas idas ao convés para tirar a água do joelho. Além disso, o compadre Paulo, desde a partida, vinha tendo problemas digestivos, a ponto de abster-se da cerveja (daí se imagina a gravidade do caso). Problemas que já tentara curar tomando Yakult, Gatorade, refrigerante, até chegar ao Buscopan, tudo sem a necessidade de consultar um médico, coisa que só lhe pareceu inevitável já tarde da noite passada. No fim, deu tudo certo.

Hoje o compadre Ingo completa 51 anos e, em comemoração, tomou um tombo ao pular do trapiche a bordo, batendo a canela em cheio na plataforma de popa. Fato que me lembrou da necessidade de comprar logo um kit de primeiros socorros para a travessia.
Mais cedo, voltamos a almoçar no Tempero Paulista, aquele bufê simplão, mas boa comida, preço em conta, nada turístico. Na mesma ida à cidade para o almoço, vamos novamente às compras: além do remédio para o Paulo (agora com receita) e do kit de primeiros socorros, toalhas, produtos de limpeza, mais cerveja. No Ship Chandler, à beira da BR 101, compramos mais sinalizadores, para completar o kit legal; um par de luzes de proa que vamos instalar de forma meio precária; pilhas grandes para a lanterna do salva-vidas.

Não lembro por que motivo eu desmontei a garrafa térmica do Paulo, que se divertiu assistindo eu levar uns inacreditáveis quarenta e cinco minutos para remontá-la. Mais tarde ele descobriria que montei errado. Pior que cubo mágico.

A chuva persistente infiltrou pela gaiúta do convés de proa, mal vedada. Mas água mesmo entrou quando fui encher o tanque com a mangueira. Sem prestar atenção para o limite, o tanque transbordou... dentro da cabine, molhando umas quantas almofadas.
Aproveito a chuva para lavar o casco acima da linha dágua, começando ajoelhado no convés, esticando o braço pra baixo; e prosseguindo mais tarde com o auxílio de um caiaque, providencialmente deixado no trapiche para esta finalidade. Foi um trabalho cansativo, mas que rendeu um estimulante banho de chuva, tendo como resultado uma melhor na aparência do Araruna. Ao menos nisso, ele está pronto.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Metendo a mão na massa

Meio sujo, o bichinho, mas logo vamos dar jeito.

3° dia - Primeira expedição

Acordamos com a maior disposição, sob um leve sopro de Vento Sul. Dia de muito trabalho, para deixar o Araruna em condições de navegar. De manhã, fui à Capitania dos Portos, buscar o Título de Inscrição da Embarcação, ou TIE (o documento de propriedade do barco), momento solene devidamente registrado em foto.

No caminho de volta, recarregamos os extintores vencidos, equipamento obrigatório em barcos como nos carros. Mas a grande epopeia, que está apenas começando, é a luta para fazer o cinquentão motor Volvo funcionar a contento. Ele esquenta demais, fumaceia demais, faz um barulho do cão, fede... e tem potência de menos. Zero à esquerda no assunto, eu só assisto, sem palpitar.

Outros cuidam de reparos na rede elétrica, enquanto eu volto à cidade, em busca dos sinalizadores que faltam para completar o conjunto. Em navegação costeira, são necessários nove no total, sendo três foguetes manuais de estrela vermelha com pára-quedas, três facho manuais de luz vermelha e três sinais fumígenos flutuante laranja. A relação de itens obrigatórios de segurança é considerável, e queremos deixar o Araruna 100%. (Mais adiante no relato se verá que além de tê-los a bordo, é também essencial saber usar os ditos cujos) 

Ingo instala o piloto automático, indispensável para longas navegadas, pois evita que um pobre marujo seja obrigado a ficar horas a fio segurando a cana do leme, debaixo de sol e chuva, dia e noite. É um mecanismo simples, que se mostraria extremamente útil, facílimo de usar e muito confiável.
TIE na mão: em dia com a Marinha... ou quase.

Conhecemos o Luiz, gerente da Marina, que nos indicou um mergulhador para raspar as cracas aderidas ao casco, além de nos dar outras informações úteis. A escada de popa, de inox, que estava submersa, eu mesmo limpei, no trapiche, com uma espátula. Tem uma operadora de turismo que leva turistas para mergulhar, partindo daqui, por isso a facilidade de encontrar mergulhadores à mão para essa tarefa, sempre necessária numa marina. Para quem não sabe, a parte do barco submersa em água salgada recebe a adesão dessa bicharada, que precisa ser removida não apenas porque prejudica o desempenho do barco em movimento, mas também a longo prazo danifica a pintura e consequentemente a impermeabilização do casco. Bom também para eles, pois segundo conta o nosso amigo, o movimento de turistas não anda lá essas coisas, parece que aqui os dias ensolarados são mesmo raros.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Chegando ao paraíso, conhecendo o barco

2° dia - Primeira expedição

Voltando à Via Dutra, passamos ao largo de Aparecida, espiando de longe o famoso santuário, sem muita curiosidade. Nossa atenção está mais à frente, no também famoso Caminho Real, a estrada do tempo do Império por onde se drenava a riqueza das Minas Gerais, rumo a... Paraty. Nós, ao contrário, chegávamos em busca de riqueza. De um outro tipo de riqueza, se é que me entendem
Fim do asfalto: daqui pra frente é para os fortes...
Dá pra imaginar o que nos espera: descer 1500m em 24km!

O asfalto acaba exatamente na divisa entre os estados de São Paulo e Rio. À frente, aguarda-nos uma estrada íngreme, com escassa manutenção, onde aliás chove muito e não há manutenção que resolva. Em vários trechos, somos obrigados a descer do carro e seguir a pé (menos o motorista, naturalmente). Uma caminhada benéfica, aliás, para quem estava há tanto tempo dentro de um carro, ainda mais respirando aquele ar fresco e enchendo os olhos com aquele mata. O que me faz perceber que faltou ao menos um detalhe técnico importante no início da narrativa.
A famosa Estrada Real

O carro com que pretendíamos fazer a viagem era aquele, com que o Ingo atropelou um pacato Fusca, que se atravessou inadvertidamente na BR 116, no lusco-fusco da sexta-feira, era uma picape Nissan cabine dupla, com tração nas quatro rodas. Já este que nos trouxe até aqui (e nos levaria de volta sem... bem, quase sem incidentes) é uma van Chrysler Caravan de sete lugares, uma espécie de limusine, muito confortável para levar uma banda de rock em turnê, mas pouco adequada a este trecho, por sorte não muito longo, e que nem sabíamos que era tão ruim (ou teríamos escolhido outro trajeto).










Eram duas e meia da tarde quando chegamos à Marina do Engenho, como quem ingressa num lindo cartão postal. E nela, ainda em repouso (mas por pouco tempo!) o Araruna, cujo estado nos causou uma boa impressão. Como era tarde, deixamos a bagagem a bordo e fomos almoçar na cidade, fazer as primeiras compras de mantimentos, já pensando na viagem de volta.

Começou uma chuva mansa, que seria nossa companhia intermitente nos próximos dias. Gastamos o resto do dia e da noite explorando o barco, conhecendo seus detalhes, tentando fazer as coisas funcionarem (com resultados variáveis), falando bobagem e tomando cerveja, além de despejar libros de baba da mais pura inveja diante dos lindos, enormes e caros barcos que constituíam a maior parte da vizinhança, e admirar sem trégua a paisagem da baía. Além da localização privilegiada, a marina tem uma infra-estrutura excelente, com banheiros impecáveis, lavanderia e outras mordomias, e uma prestativa equipe, sob o comando do Luiz.
... e lá estava ele, à nossa espera.


sábado, 2 de fevereiro de 2013

Rumo a Paraty

Partimos na manhã nublada

1° dia - Primeira expedição

Às sete alguém tenta me acordar com muito esforço, às oito já estamos todos tomando café, nove e meia a van está carregada e partimos.

Para passar o tempo, vamos contando e relembrando histórias, trocando impressões sobre a vida, família e etc, coisas que na correria do dia-a-dia não temos tempo. Eu sobretudo, que vivo na Capital e fico às vezes largos períodos sem avistar esses camaradas ao vivo. Demos boas risadas, por exemplo, lembrando de quando aquele nosso amigo pediu de aniversário à mulher e aos três filhos um dia sozinho em casa. Ou ouvindo o relato do Ingo sobre quando ele e o Fernando foram presos por roubar seu próprio equipamento de topografia... Mas nem todas são cômicas: há também os dramas, o passar do tempo, as doenças, mortes...

Após um longo engarrafamento antes da ponte de Laguna, em obras, paramos em Penha para almoçar e seguimos subindo a serra, rumo a Curitiba. A conversa vai dando voltas, não vai faltar assunto para os 800 quilômetros que ainda restam. As estradas com pedágios a R$ 1,50, que encontramos no caminho são comparadas às do nosso Estado, onde pagamos quatro ou cinco vezes mais caro; os governos Tarso e Britto, por extensão; os modais de transporte, principalmente o hidroviário, sempre presente na conversa de quem tem intimidade com a água, que é quem percebe com espantosa clareza o atraso em que ele se encontra num país que tem um imenso litoral como o nosso, sem contar as águas interiores. Surge uma controvérsia sobre as flores roxas onipresentes nas encostas da Mata Atlântica: seriam ou não seriam quaresmeiras? O calor sufocante vai amenizando à medida que subimos a serra.
O chimarrão a bordo não pode faltar

É quase uma da manhã quando entramos em Jacareí para dormir num hotel, que pagamos adiantado. Antes da cama, fomos fazer um lanche e tomar umas no bar da esquina. O xis era bom, embora o tamanho como de costume uma decepção para gaúchos. Mas o local era animado, com música ao vivo, e a banda nos surpreendeu com “Toda a forma de poder”, do Nei Lisboa. Afinal, era sábado.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Véspera da partida

Numa das poucas fotos que vimos, o barco nem mastro tinha
No dia 1° de fevereiro de 2013, mais de dez meses após termos comprado, do Seu Arno e da sua esposa Sílvia, o veleiro Araruna, um Multichine 28 pés projetado pelo Roberto Barros, vulgo Cabinho, e que até então eu não vira senão por fotos já antigas, estávamos prontos para partir rumo à Marina do Engenho, em Paraty, onde o barco se encontrava atracado, a um custo mensal um pouco salgado para nossos bolsos. De Lajeado, vinham os velhos parceiros de aventuras e indiadas em geral, Paulo, presidente vitalício do Clube do Macho e Velho Lobo do Mar honorário; e Jorge, meu compadre e padrinho de casamento e o único da turma possuidor de uma habilitação de Mestre Amador – que permite pilotar uma embarcação em navegação costeira, fora de águas abrigadas, essencial portanto para o empreendimento que tínhamos em mente. Saindo de Picada Café, meu outro compadre Ingo, sócio na aquisição e único que conhecera pessoalmente o barco, passaria em Porto Alegre para me pegar. O plano era nos reunirmos na casa do Jorge, no litoral, e partir dali no dia seguinte, um sábado, tão cedo quanto possível.

Já eram dez da noite, quando Jorge me liga para avisar que Ingo tinha batido o carro – o que, se não era fato corriqueiro, também não era uma grande surpresa. Só prejuízo material, felizmente, mas com certeza algum atraso em nossos planos. Jorge e Paulo fizeram um desvio para me apanhar, e fomos esperar a chegada do Ingo em Xangri-Lá, por algum meio de transporte alternativo, quando se desembaraçasse do acidente. Pela meia-noite, Ingo me liga para saber o endereço. Paulo vai dormir, enquanto Jorge e eu bebemos cerveja na tranquilidade da madrugada praiana, até o retardatário acidentado chegar, de carona com o seu fiel escudeiro Fernando. Até ele terminar de nos contar as peripécias, já eram 4 da manhã.